No chamado “Anos de Chumbo” com a implantação da ditadura militar, que foi do ano de 1964 até 1985, existiram movimentos musicais que protestavam contra o novo regime e utilizavam a música como principal instrumento de protesto para demonstrar a insatisfação da sociedade brasileira. A música interferia na sociedade, na tentativa de “dominar os espíritos” do povo e assim manter viva e fazer surgir a resistência ao regime. O momento social vivido interferia na música, principalmente na letra e no ritmo das canções.
Exemplos de movimentos musicais como esses temos aos montes, como: A Tropicália (1967/68), um movimento musical que tentou retomar os princípios antropofágicos de Oswald de Andrade e do movimento modernista de 1922, para romper tanto com o formato, que julgavam ser antigo, da música brasileira (bossa nova), quanto com a política vigente no pais.
Surgiram também os grandes festivais de música que deram espaço para os artistas e seus hinos contra o governo militar, o mais famoso deles foi o Festival de Música Popular Brasileira organizado pela TV Record, que consagrou vários artistas como Chico Buarque de Holanda e Geraldo Vandré.

Letra de Roda Viva, de Chico Buarque







O regime militar tinha plena consciência do poder que a música exercia na sociedade, e, com o receio de ter o seu poder ameaçado, a censura entrou em ação. Várias canções foram proibidas e vários artistas foram exilados.







Por outro lado, os meios de comunicação vinculados ao regime, divulgavam grupos musicais como a Jovem Guarda (grupo musical criado na década de 60) que não tinham engajamento
político, ou seja, não ameaçavam o poder dos militares.
O regime também soube aproveitar a música a seu favor. Em pleno "milagre econômico" na década de 70, depois da conquista do tricampeonato mundial de futebol no México pela seleção brasileira, a música, "Pra frente Brasil", foi utilizada para criar um clima de otimismo e transmitir tranqüilidade a sociedade.









Podemos dizer tranquilamente que se o regime militar não tivesse sido implantado no Brasil naquela determinada época, naquela determinada sociedade, e que, se ele não tivesse as características que teve, a música brasileira não teria as obras e os artistas, que foram produzidas e revelados na época, e hoje poderíamos viver uma etapa musical diferente da atual.





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Abaixo encontra-se uma lista de algumas músicas que marcaram os anos 60/70.
Agnus Sei
João Bosco e Aldir Blanc
Aos Nossos Filhos
Ivan Lins e Victor Martins
Apesar de Você
Chico Buarque
Arrastão (1967)
Edu Lobo e Vinicius de Moraes
Bom Conselho
Chico Buarque
Bye Bye Brasil (1980)
Chico Buarque
Cálice (1978)
Gilberto Gil e Chico Buarque
Canção da América
Milton Nascimento e Fernando Brandt
Carcará (1965)
João do Vale e José Cândido
Cartomante
Ivan Lins e Victor Martins
Como Nossos Pais (1981)
Belchior
Debaixo dos Caracóis de Seus Cabelos
Roberto Carlos e Erasmo Carlos
Disparada (1967)
Geraldo Vandré e Théo de Barros
E Daí?
Milton Nascimento e Ruy Guerra
Explode Coração (1978)
Gonzaguinha
London, London (1971)
Caetano Veloso
Maninha (1978)
Chico Buarque
Meu Caro Amigo (1976)
Francis Hime e Chico Buarque
Nada Será Como Antes (1972)
Milton Nascimento e Ronaldo Bastos
Não Chore Mais (1979)
Gilberto Gil (versão); Bob Marley
Novo Tempo
Ivan Lins e Victor Martins
O Bêbado e o Equilibrista (1983)
João Bosco e Aldir Blanc
O Que Foi Feito Deverá
Milton Nascimento e Fernando Brandt
O Que Será (À Flor da Terra) (1976)
Chico Buarque
O Rancho da Goiabada (1983)
João Bosco e Aldir Blanc
Panis et Circensis (1968)
Caetano Veloso e Gilberto Gil
Para Não Dizer Que Não Falei de Flores (Caminhando) (1968)
Geraldo Vandré
Pesadelo
Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro
Ponteio
Edu Lobo e Capinam
Querelas do Brasil (1978)
Maurício Tapajós e Aldir Blanc
Rapaz Latino Americano
Belchior
Roda Viva (1967)
Chico Buarque
Sinal Fechado
Paulinho da Viola
Viola Enluarada
Marcos Valle e Paulo César Valle


Enquanto no cenário internacional despontavam grandes astros do rock - Jimi Hendrix, Janis Joplin - e os maiores compositores da música de concerto contemporânea - Schoenberg, Messiaen, Berio - no Brasil se experimentava uma junção das artes como nunca vista antes, poetas escrevendo letras de música e músicos escrevendo poesia.

Em 1965 a TV Record lança o programa 'Jovem Guarda', com Roberto e Erasmo Carlos e Wanderléia. Por esse programa passaram os principais calouros do Brasil





Apesar da repressão, as formas mais inteligentes de arte conseguiram se destacar.
Em 17 de julho de 1968 – estudantes ocuparam a Faculdade de Direito da USP. O Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o teatro Ruth Escobar, onde é encenada a peça Roda Viva, de Chico Buarque de Hollanda. Agride os atores e o público e destroem o teatro onde a peça era apresentada.